Uma Treta Insana na Sala de Estar
Na selva moderna do lar, o controle remoto é a relíquia sagrada disputada entre os casais. É tipo uma luta livre de gente comum, mas com a intensidade de uma final de Copa do Mundo. Um combate que faz qualquer jogo de futebol parecer amador.
Quando se precisa, ninguém acha o instrumento de poder. A esposa, com suas manhas de investigação dignas de Sherlock Holmes, vasculhou cada cantinho da casa, incluindo as partes mais escondidas que até o gato desconhecia. Ela é como uma Indiana Jones à procura de um tesouro perdido. Enquanto isso, o marido, com seu semblante impassível escondendo seu prazer efêmero, nega até a morte saber do paradeiro do objeto de desejo. “Eu? Controlar algo aqui em casa além do meu apetite? Impossível!”
E então, num momento digno de filme de ação, a mulher, ousada, decide se aventurar na última fronteira proibida: o “escritório da perdição”, “o altar da bagunça organizada, que quando alguém passa para arrumar ninguém acha mais nada”. Ela se infiltra no território hostil, revira papéis e entra em contato com equipamentos de origem alienígena. Finalmente, o tesouro é encontrado – o controle remoto brilha como o Santo Graal.
Triunfante, ela volta à sala, ostentando o troféu, mas a alegria é efêmera. O marido sorri com um olhar malicioso e aponta para outro controle invisível para quem não tem olhos para ver, dessa vez debaixo do sofá. É como se fosse um jogo de gato e rato, e o rato sempre escapa pela fresta mais inesperada.
É nesse momento que percebemos: será que toda essa guerra é apenas um subterfúgio? Será que o verdadeiro tesouro não está nos estímulos externos, nas aventuras e interações reais que perdemos enquanto lutamos pelo controle remoto?
Porque, se formos pensar bem, lá fora está acontecendo uma partida de campeonato imperdível, mas estamos ocupados demais com essa disputa caseira. Enquanto o Flamengo e Vasco duelam no campo, o casal assiste a um romance açucarado, que provavelmente fará os dois chorarem: um pela ficção de Amor Impossível e outro porque não viu seu time jogar. Felicidade que é bom, nada. Nem uma cerveja gelada presenciou tal cena.
Diabos?!! o que realmente importa? Vamos assistir ao jogo, estourar o coração ou, quem sabe, até nos emocionar com o tal romance meloso? Afinal, a vida é curta demais para perdermos preciosos momentos em disputas fúteis e improdutivas.
O que quero dizer aqui é que o verdadeiro controle remoto da felicidade está nas mãos de cada um de nós. É só apertar o botão “tamo junto” e desfrutar do espetáculo que é viver lado a lado, sem brigas bobas, mas com alegria e carinho.
Que venha o próximo campeonato ou filme dessa aventura chamada vida. Com muita risada, amor e, claro, algumas disputas saudáveis pelo “controle remoto”, afinal, ninguém é de ferro, e uma treta anima pra caramba, não é mesmo?
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